De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, atualmente, o Brasil importa mais de 80% de seu uso anual de fertilizantes[1] e este insumo é de extrema importância para a produção e exportação de commodities agrícolas, uma vez que influencia diretamente a economia do País. Dados da Secretaria de Comércio do Exterior do Ministério da Economia mostram que a Rússia é o 6º país no ranking de importações do Brasil, sendo os adubos e os fertilizantes os principais produtos comercializados segundo a Balança Comercial brasileira: cerca de 62% dessas importações vêm de lá[2].
O efeito da atual crise entre a Rússia e a Ucrânia não tem sido positivo para o setor agrícola, inclusive no que se referem às novas alternativas de fomento à atividade como os Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais (“Fiagro”), que são um produto novo e de baixa liquidez no mercado de capitais. Com a possível escassez de fertilizantes russos no mercado e com preços mais altos dos insumos, aumenta a incerteza sobre a viabilidade e a entrega dos insumos já negociados, especialmente após o recente anúncio de que a Rússia não realizará as exportações de fertilizantes para a maioria dos países e levará mais tempo para que haja a retomada do fluxo de importações.
Nesse sentido, o Fiagro, que nasce como um produto de crédito com grande capacidade de incentivo à atividade da cadeia agroindustrial, pode sofrer diretamente os impactos relacionados à instabilidade e às variáveis agrícolas considerando que oscilações de fertilizantes no mercado reduzem as perspectivas das futuras safras[3];
Apesar disso, o Brasil não estava na lista de restrições estabelecida pela Rússia/Putin e de acordo com o diretor de Política Agrícola e Informações da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Sergio de Zen, as próximas safras estão garantidas[4]. A maior preocupação dos especialistas é a safra agrícola do próximo verão (2022/2023). Não obstante, o impacto na produtividade tende a ser mais preocupante se olharmos para a safra de inverno do milho de 2023.
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Fontes:
[2] https://www.poder360.com.br/europa-em-guerra/brasil-ampliou-importacoes-da-russia-em-2021/
[3] https://www.suno.com.br/noticias/guerra-russia-ucrania-fundos-imobiliarios/
[4] https://www.conab.gov.br/ultimas-noticias/4374-garantia-de-fornecimento-de-fertilizantes-pela-russia-traz-seguranca-para-as-proximas-safras